Arquivo mensal: setembro 2010

>Ex silence

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Arnold de Boer (vocal), Terri Hessels (guitarra), Andy Moor (guitarra), Katherina Bornefeld (bateria)

Coloquem as crianças pra dormir, isso é som de gente grande. O The Ex está de volta! Não que tivessem parado, mas estavam desde 2004 sem um novo trabalho, muito provavelmente na gestação de um de seus melhores discos e, com certeza, um dos melhores do ano. Catch my Shoe, lançado no último dia 6, é o 13º álbum desses holandeses que afirmam já ser seu 123º release no total. Enfim, é possível.
O The Ex foi formado em 1979 e lançou o primeiro disco, Disturbing Domestic Peace, em 1980. Radicalmente anarco-punk, as influências e o experimentalismo os levaram para muito além, chegando até o brilhante Catch My Shoe. Microfonias à la carte, metais ensandecidos e o novo vocalista, Arnold de Boer. Tudo isso sob a regência da produção de Steve Albini. Deu no que deu. Um disco essencialmente enérgico, elétrico, com pitadas de afro beat, swing latino e música judaica, a 220v e com o potenciômetro no talo. Uma pauleira sem precedentes, até mesmo para o The Ex.

The Ex
Catch my shoe (2010)






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>Write about bore…

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Eis chega por aqui – uns vinte dias antes do lançamento oficial – o novo disco do Belle & Sebastian. Desde 2006 sem um novo disco, a trupe escocesa volta com poucas novidades e até pouco brilho. Anunciado há cerca de um mês, o novo álbum, Write About Love, vem precedido de um single homônimo e de uma singela campanha multimídia. Primeiro a banda convocou os fãs a produzirem fotos com a inscrição “Write abou love” e publicarem em seu flickr. O que resultou na compilação de mais de 400 belas fotos bem criativas. Agora eles disponibilizam em seu site um vídeo, meio documentário meio programa de TV, com o objetivo de divulgar o disco novo. O programa de 28 minutos traz a execução ao vivo, em estúdio, de duas faixas do novo álbum, além de algumas entrevistas e cenas da produção do novo trabalho.
Mas isso tudo passa batido. O vídeo tem aquele clima encantador já característico do B&S, pena que o disco não acompanha. Write about Love é um disco sem graça. Parece uma banda sem vontade e sem criatividade, quilômetros distante do grupo que lançou If you’re feeling sinister. Uma melancolia opaca toma conta do disco. Faltam as cordas, os metais e todo o arranjo criativo que só eles souberam fazer nos últimos 14 anos. 
O disco ainda conta com duas participações especiais. A country, bored, pop, Norah Jones na melodramática Little Lou, Ugly Jack, Prophet John e Carey Mulligan na faixa título do disco.
Mas pra não matar os fãs de desespero, dá pra encontrar B&S pelos cantos, como em I‘m not living in the real world no clima de Tigermilk e em I want the world to stop, que aliás – pela simplicidade – parece bem mais interessante no vídeo.
É, o B&S não parece mais o mesmo. E eu ainda sinto a falta da Isobel Campbell, seu cello e sua vozinha melosa.



Belle and Sebastian
Write about Love (2010)








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>Duas boas intenções

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Se de boas intenções o inferno está cheio, então vamos fazer um afago no Cérbero, por é daqui que saem os pequenos petardos de hoje. Tem gente que se perde entre influências e referências e a expectativa da novidade se vai. No entanto algumas experiências merecem um certo destaque, pela insistência ou até pela perda do objetivo. 
The Silent Years
Sexteto de Detroit formado em 2005, desde então lançaram 4 EPs e apenas um álbum. Mistura melancolia, arranjos de cordas, metais, boas guitarras, e composições abrilhantadas por uma mistura de instrumentos, por vezes, animadíssima. Até aí tudo bem, se tudo isso não soasse como Echo & The Bunnyman, Poliphonic Spree e outras bandas multiintegradas. Mas há pontos altos, os vocais são um deles, principalmente quando se encontra com a simplicidade e os detalhes de noise, como em Taking Drugs at the Amusement Park ou TV>BJ. A delicadeza de Claw Marks é a cereja de um bolo que ainda não ganhou cobertura. A partir do EP, Let Go, de 2009, dá pra perceber a qualidade sem polimento desses caras.



Peter Kernel

Trio suíço-canadense que lançou em 2008 seu primeiro álbum, How to perform a funeral. O Título é bom, a capa é criativa, pena que o som não. Com o formato básico de uma garage band, as guitarras são o destaque. Vocais ora esganiçados ora soturnos, acordes repetidos à exaustão. Muitos efeitos, letras declamadas, bateria forte e bem marcada. Uma boa parede sonora. Enfim: Parece qualquer banda indie dos anos 90, com influências claras de Sonic Youth, Pixies e Nirvana. O “influência” aí é eufemismo, as guitarras são saídas de NYC Ghosts & Flowers os vocais da baixista Barbara, são covers de Kim Gordon e os vocais masculinos, por vezes me confundiram com Thurston Moore.
Mas eles aprenderam bem. A “baixo e batera” Shoot Back não tem nada, mas tem tudo que uma boa música precisa ter. Em Smiling, apesar do forte tempeiro Pixies, os caras se superam. Vale para quando a discografia do Sonic Youth enjoar.



The Silent Years
Let Go – EP (2009)






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Peter Kernel
How to Perform a Funeral (2008)






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>Ladys and Gentlemans: JSBX

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Rockabilly, rythim n’blues, noise, rap, soul, garage, punk, hard rock, blues… Tudo isso junto tem um nome: Jon Spencer Blues Explosion. Um dos maiores power trios da história do rock. Capitaneados pelo vocal e lead guitar Jon Spencer, o guitarrista Judah Bauer e o baterista Russel Simmins, formam o trio nova iorquino que já virou verbete de enciclopédias de rock, figurando nos 1001 Discos pra ouvir antes de morrer, de Michael Dimery. E depois de seis anos, é por conta deste verbete que os caras reaparecem.
Desde de 2004 sem se aproximar do estúdio, o JSBX lança uma versão remasterizada e recheada de extras do explosivo Now I Got Worry!, de 1996. Sétimo álbum do trio, é uma verdadeira antologia da potência dos caras. Desde a abertura, com os gritos alucinados de Skunk, é um disco que não alivia. Mas agora, o mad blues de Wail, Fuck Shit Up e Can’t Stop, estão muito bem acompanhados de mais 12 faixas inéditas, além de 4 vinhetas alucinadas de rádio, da campanha de divulgação do álbum – e até isso é massa de ouvir.
Além de Now I Got Worry!, o JSBX está lançando mais três álbuns de compilações: Extra Width, com bsides e extras, Year One, com versões ao vivo do primeiro álbum e Dirty Shirt Rock n’Roll, compilação de apresentações dos primeiros dez anos de carreira da banda.
Ladys and Gentlemans: Jon Spencer Blues Explosion.

Jon Spencer Blues Explosion
Now I Got Worry (release 2010)








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Jon Spencer Blues Explosion
Extra Width (2010)







Jon Spencer Blues Explosion
Year One (2010)








Jon Spencer Blues Explosion

Dirty Shirt Rock n’Roll – The First Ten Years (2010)






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>De volta aos anos oitenta…

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Vocais abafados, bateria caixa seca, guitarra estridente, baixo proeminente e uns tecladinhos safados pra completar. Isso lembra o que? Jesus and Mary Chain? Pelo menos para os caras do Little Girls sim. Em seu primeiro álbum, Concepts, os canadenses de Ontario parecem estar tocando em algum buteco abafado, onde não se ouve nada, mas todo mundo pula freneticamente. E como isso é bom.
O Little Girls devolve aquela sujeira e o stereo indefinido dos K7s que todos os ressuscitadores de anos oitenta da atualidade esqueceram ou desconhecem. Tenha certeza, em Salt Swimmers não são seus fones que estão com problemas. Tambourine é trilha para uma sexta-feira junkie de inverno e as guitarras de Venom e Last Call parecem saídas do Evol.
Dica: Reúna os amigos em casa e retoque o nariz, a trilha está dada.
PS.: Antes e depois deste álbum os caras já lançaram quatro EPs que em breve estarão por aqui.
Little Girls
Concepts (2009)




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>Spa days…

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Sessenta e cinco dias de estática. É o que o você precisa depois de ouvir um disco do 65daysofstatic. Os caras aceleram o pulso, aumentam a pressão, disparam o metabolismo de qualquer um. Math Rock, post rock, eletrônico, guitarras saturadíssimas e uma batera que mais parece base do Prodigy
Eles não são iniciantes, estão juntos desde 2001 e último álbum, We Were Exploding Anyway, lançado em abril deste ano, já é o quarto. Junto do álbum o quarteto de Sheffield, Inglaterra, lançou o single Crash Tactics. Boa pedida para quem está com medo de enfrentar o som dos caras.

65daysofstatic
Crash Tactics (single 2010)








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65daysofstatic
We Were Exploding Anyway (2010)








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>Long live to Campesinos!

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Eis uma das bandas que mais cativou a cena indie dos últimos anos: Los Campesinos! Indie na essência, pop na sonoridade e debochado por natureza, os oito malucos estão juntos desde 2006 e desde então destilam um som agitado, divertido e repleto de influências que vão de Pavement e Yo La Tengo à Wilco e Jim O’Rourke.
Apesar o clima festeiro e despachado dos oito EPs, dois álbuns e três singles, uma sensibilidade harmônica delicada permeia os violinos, violões, guitarras, pianos e metais, puxada por vocais amalucados e à beira da afinação. O resultado disso tudo é um só: Los Campesinos!
No fim do ano passado eles lançaram um single: The sea is a good place to think in a future. Com um clima mais introvertido, quase lo-fi, deu ares de uma mudança que não veio. No início do ano lançaram o novo álbum, Romance Is Boring e lá estavam estavam eles denovo, porém agora desfalcados com a saída de Ollie Campesino.
Este mês eles retornaram com uma grata surpresa, um novo EP, All’s Well That Ends, com quatro versões acústicas de faixas do último álbum e o resultado é um Campesinos tão maduro quanto inconsequente.

Making of das versões acústicas de All’s well that ends

Los Campesinos!
Romance Is Boring
(album 2010)






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Los Campesinos!
All’s Well That Ends
(EP 2010)






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>Recuperando o tempo perdido…

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Quando um band leader lança um disco solo é quase regra que sua banda de origem se torne e principal influência. Mas e aí? Influência ou influenciador. Criador ou criatura. Falando – aí embaixo – do “Julian Plenti”, lembrei do Julian Casablancas.
No ano passado o cara veio com Phrazers for the Young – pra minha surpresa poucos sabiam disso – primeiro disco solo, que tem cara de… de… Strokes. Mas o legal é que nesse caso, enquanto o Strokes tira férias a gente mata a saudade. E aqui a dica é fácil: Gostas de Strokes? Então vai curtir.
Oito faixas, cara de Strokes, cara de anos oitenta, cara de festa. Destaque para a faixa de abertura, Out of the blue, Left & Right in the Dark, 11th Dimension e Tourist, que fecha o disco. Vale a pena!

Julian Casablancas
Phrazers for the young (2009)








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>Homônimos e heterônimos

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E o Interpol chega aos dez anos de carreira, lança o quarto disco e o batiza de Interpol. Na verdade, não sei se isso quer dizer muita coisa. Mesmo por que este é um disco do qual se tem muito a dizer e ao mesmo tempo nada. Dá pra ser justo: Bom disco. Não basta. Carece de explicação. É diferente? Não. Então?
Pra não ficar patinando: Não é o mesmo Interpol de Turn on the bright lights, mas bem melhor que o de Our Love to Admire. A única coisa clara: É o Interpol. E parece que eles chegaram num estágio que apenas isso basta.
Mas parece que os nova iorquinos tem se rebuscado e disso já se tinha prenúncios no ano passado, quando o band leader Paul Banks lançou seu álbum solo sob o pseudônimo de Julian Plenti, Is… Skyscrapper. Como o próprio Plenti/Banks descreveu, uma mistura/divisão entre suas concepções pessoais e o Interpol. Difícil determinar o que é um e outro. Mas ouvindo o novo Interpol as coisas começam a se esclarecer. E ouvindo os poucos pontos altos da empreitada, parece que são exclusividade de Banks.
Enfim: O Interpol se encheu de si. (Interprete como quiser)



Interpol
Interpol (2010)






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Julian Plenti
Julian Plenti is… Skyscrapper (2009)






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(pass: nodata.tv)








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>NippoJazz

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Quarteto de Osaka, Middle 9: Pop, jazz, fusion e vibrafone
O Japão é berço de gratas surpresas na música, especialmente na cena indie. Desde os anos 90 com bandas como Shonen Knife e Pizzicato Five, que os ouvidos ocidentais se voltam para lá com boas expectativas. Agora a onda por lá é jazz. Muita gente deve torcer o nariz, remetendo o termo a virtuosismos angustiantes e longuíssimos temas de sax. Pois bem, os japas tocaram a bola adiante. As influências pop no Japão já são conhecidíssimas, até no cinema deles isto já é recorrente, mas o que as duas bandas a seguir fizeram com elas, vai além de referência, influência ou estilo.
Pra começar: Mouse on the keys, um trio de Tokyo que atropela os ouvidos com seus temas recheados de post rock e swing. Com dois pianos e uma bateria, Akira Kawasaki, Atsushi Kiyota, Daisuke Niitome, criam uma atmosfera obscura de temas sobrepostos e melodias complexas arrebatadas por uma bateria frenética, oscilando entre a melodia e a antimúsica. Destaque para Saigo No Bansan. Vez por outra um baixo, uma guitarra ou saxofone dão o ar da graça se contrapondo às graves oitavas dos duos de piano.
Num clima um pouquinho mais ensolarado, há o Middle 9, quarteto de Osaka que é tão pop quanto jazz, ou vice e versa. Numa formação que lembra um pouquinho o Tortoise, a cozinha aqui é acompanhada por um vibrafone que dá um timbre especial à sonoridade. Apesar da sutileza das individualidades o resultado é um conjunto de peso, como em Island Pull Out, de marcação forte, disforme, brilhante e de uma oscilação embriagante.

Enfim, não há muito o que explicar, o negócio é ouvir.

Trio de Tokyo, Mouse on the keys: Saigo no Bansan



Mouse on the keys
sezession (mini release / 2007)







Mouse on the keys
an anxious object (2009)












Middle 9
Swing and Circle on the Fluyt
(mini release – 2006)





Middle 9
Sea That has Become Know (2008)









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